O Union Berlim manteve os pés no chão ao confiar em Nenad Bjelica como novo técnico

Bjelica possui como grande feito na carreira ser campeão nacional com o Dinamo Zagreb, em currículo similar ao de Urs Fischer quando este chegou

O Union Berlim não acelerou a escolha de seu novo treinador. Urs Fischer deixou os Eisernen depois de um trabalho histórico, mas desgastado pela péssima fase neste início de temporada. A Data Fifa conferia tempo para os berlinenses buscarem um novo nome. E a direção do clube manteve os pés no chão. O novo escolhido é o croata Nenad Bjelica, que teve uma passagem vitoriosa à frente do Dinamo Zagreb ao longo da última década. Mesmo com o clube emendando participações nas competições continentais, o Union não trouxe um figurão para tentar evitar a queda para a segunda divisão da Bundesliga.

Alguns nomes mais badalados foram especulados no Union Berlim. Oliver Glasner despontava como um candidato forte, após levar o Wolfsburg à Champions League e dar o título da Liga Europa para o Eintracht Frankfurt. Quem também foi ventilado na imprensa alemã, inclusive na conceituada revista Kicker, foi Raúl González. Parecia um reflexo do “efeito Xabi Alonso”, com a lenda merengue atualmente à frente do Real Madrid Castilla. Bjelica passa longe do renome de ambos. Nunca treinou na Alemanha, embora tenha sido jogador do Kaiserslautern. Já como técnico, vem de uma passagem apagada pelo Trabzonspor entre abril e outubro. Tentará se provar na grande oportunidade da carreira.

Uma notícia interessante é que o Union Berlim decidiu manter Marie-Louise Eta na comissão técnica do elenco profissional. A alemã de 32 anos se tornou a primeira mulher a ser assistente na Bundesliga. Ex-jogadora, ela trabalhava como auxiliar do time sub-19 do Union Berlim e subiu ao lado do técnico interino Marco Grote. Porém, enquanto Grote voltará às categorias de base, Eta seguirá junto de Bjelica na casamata principal.

Presidente do Union Berlim, Dirk Zingler respaldou Bjelica através de seu currículo: “Com Nenad Bjelica, ganhamos um treinador experiente que trabalhou com sucesso em vários países. Ele tem uma ideia clara de como quer dirigir nosso time e que tipo de futebol eles devem jogar. Confiamos a ele a missão de liderar a equipe de volta ao sucesso. Desejo a Bjelica e a todo o time um bom início em seu trabalho conjunto”.

Já o novo treinador se mostrou animado com a missão, mesmo diante da situação difícil: “O Union é um clube muito bem gerido, em uma das melhores ligas da Europa. Meu trabalho será tirar o time de uma fase difícil e recuperar suas forças. Estou ansioso pelo desafio. Quero ver um time bem organizado, ativo e de futebol dominante, com jogadores prontos para assumir as responsabilidades. Trabalharemos juntos nisso a partir de agora”.

A trajetória de Bjelica

Como jogador, Nenad Bjelica teve uma carreira razoável em alto nível. O meio-campista começou no Osijek e em 1993 se transferiu para a Espanha. Vestiu as camisas de Albacete, Betis e Las Palmas, antes de uma breve volta ao Osijek. Já em 2001, mudou-se à Alemanha e defendeu o Kaiserslautern. Chegou a disputar a Euro 2004 com a Croácia. No fim da carreira, o veterano rodou pela Áustria, com as camisas de Admira Wacker e Kärnten. Aposentou-se em 2008, num momento em que já exercia a função de jogador-treinador no Kärnten.

Como treinador, Bjelica construiu sua história também na Áustria. O croata teve um grande momento ao levar o Wolfsberger da terceira à primeira divisão. Ganhou uma oportunidade de assumir o Austria Viena, mas ficou só uma temporada, numa modesta quinta colocação após o título no ano anterior. Depois, passou por Spezia na Serie B e pelo Lech Poznan. Uma boa oportunidade aconteceu em 2018, quando foi convidado para dirigir o Dinamo Zagreb. Conquistou o Campeonato Croata e a Copa da Croácia, num trabalho que durou uma temporada e meia. Também esteve na fase de grupos da Champions e chegou aos mata-matas da Liga Europa. Depois, voltaria para casa e dirigiria o Osijek em boas campanhas, inclusive como vice-campeão nacional. Já na última temporada, assumiu o Trabzonspor e durou só 15 partidas, com muitas oscilações. Saiu em outubro.

As urgências do Union Berlim

De certa maneira, o perfil de Nenad Bjelica se assemelha à escolha de Urs Fischer há cinco anos: um treinador rodado, mas que tinha seus principais feitos limitados a ligas secundárias da Europa. Seu grande desafio será reorganizar o Union Berlim, com claras dificuldades para estabelecer sua identidade de jogo nesta temporada. Os Eisernen fizeram um bom mercado de transferências, em que aproveitaram a classificação para a Champions e trouxeram vários jogadores badalados – mais notadamente, Leonardo Bonucci, Robin Gosens e Kevin Volland. No entanto, os berlinenses perderam características que marcaram a ascensão recente. Tentaram montar um ataque mais forte e não são mais eficazes, enquanto o sistema defensivo se enfraqueceu demais.

Urs Fischer se consagrou no Union Berlim usando geralmente um 3-5-2, que virou quase dogmático à medida que o time se firmava na parte de cima da tabela. De início, no entanto, era comum ver os Eisernen com uma linha de quatro na defesa, sobretudo no acesso na segunda divisão. Os principais trabalhos de Nenad Bjelica geralmente ocorreram num 4-2-3-1. Será interessante se o treinador aproveitar de maneira diferente seus recursos. Há setores mais carentes do Union atualmente, com uma baixa rotação na zaga e um meio-campo que não anda funcionando, até por problemas de lesões. Reorganizar a equipe pode ajudar, embora dentro das características, com um elenco que preserva muita força nas laterais e atacantes rápidos para as transições. Pelo discurso inicial, Bjelica vai buscar um jogo mais ofensivo, algo que caracterizou seus principais momentos. A grande urgência, todavia, é melhorar o equilíbrio geral.

O Union Berlim voltou a pontuar nesta rodada da Bundesliga, após dez derrotas consecutivas, mas longe do resultado sonhado: empatou por 1 a 1 diante do Augsburg, e com o gol só no fim, mesmo dentro do Estádio An ter Alten Försterei. A missão ingrata de Bjelica será estrear contra o Bayern de Munique na Allianz Arena durante o próximo sábado. Dezembro ainda guarda uma série de confrontos diretos na parte inferior da tabela, contra Borussia Mönchengladbach, Bochum e Colônia. Os Eisernen têm time para escapar do descenso, até comparando com concorrentes. Precisa de mais solidez, o que se perdeu repentinamente com Urs Fischer. A responsabilidade de Bjelica é grande, embora a situação seja reversível. Atualmente, o Union está a dois pontos de sair do Z-3.

Redação Jornalística
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